Cena local
Dança do Sol Poente
A partir de hoje, o IV Festival de Dança do Litoral Oeste movimenta a região do Vale do Curu. Trairi, Paracuru e Itapipoca mostram suas coreografias em apresentações gratuitas
Elisa Parente - Diversão e Arte 22/07/2010
Recortada por enseadas repletas de dunas, coqueirais e lagoas, a Costa do Sol Poente abriga algumas das mais belas praias do Estado. É nesta direção que se forma o Vale do Curu, região que a partir de hoje vira palco para a apresentação de grupos dos mais diversos estilos de dança. É quando ocorre a quarta edição do Festival de Dança do Litoral Oeste que movimenta, de hoje a sábado, 24, as cidades de Paracuru, Trairi e Itapipoca. Priorizando a cena local, o evento promovido pela Associação de Bailarinos, Professores e Coreógrafos de Dança do Ceará(Prodança) traz ainda a Cia. Mario Nascimento (BH), a paulista Naila Gonçalves e o Balé de Arte e Cultura Negra do Recife. Compondo as atividades de formação, residência coreográfica, oficinas de dança, palestras, mesas redondas e mostra de vídeo-dança.
Seguindo o exemplo das edições anteriores, a curadoria foi realizada em conjunto. O coreógrafo Gerson Carlos, da Cia. Balé Baião, representa o município de Itapipoca; Antonio Alves está à frente da cidade de Trairi; e Paracuru conta com o olhar apurado de Flávio Sampaio. “Nos propomos a fazer uma curadoria compartilhada. Fomos até as três cidades e a reunião final realizamos em Itapipoca, com os três representantes presentes. E eles opinavam mais do que eu, que eles sabem quais são as demandas de cada cidade. Nós questionávamos: o que eles querem? O que as cidades querem ver?”, argumenta Graça Martins, curadora do Festival pela Prodança. “A produção local já existe, mas a intenção é que a partir do próximo ano ela seja feita pelas cidades. A Prodança vai ajudar sempre, mas é bacana envolver as lideranças locais para que no ano que vem eles possam propor e gerir o festival”, ressalta Graça.
O evento, que conta com verba da Secretaria da Cultura do Estado (Secult) e apoio das prefeituras locais, tem uma programação itinerante. Os espetáculos irão circular pelas três cidades, em palcos montados em praças e locais alternativos, e são o resultado de uma produção pulsante que encontra, em eventos como este, a possibilidade de troca de ideias e experiências. “Esse festival surgiu da ideia de que são necessárias ações formativas no município. Não temos como ensinar a dança para crianças e adolescentes sem que elas vejam e se interajam, se misturem, contem suas experiências para outras companhias”, analisa o professor Flávio Sampaio, diretor da Escola e Companhia de Dança de Paracuru.
Flávio explica que a cidade espera ansiosa pelo evento e se antecipa na divulgação. “O festival melhorou muito. Hoje podemos dizer que nós temos em Paracuru uma plateia de dança que age como plateia de cidade do Primeiro Mundo. Eles assistem, aplaudem, entendem, discutem. Já vimos duas, três mil pessoas assistindo a um espetáculo de dança na praça principal”, relembra Flávio. A companhia e a escola de Dança de Paracuru apresentam este ano dois trabalhos inéditos. Eu Inquieto é resultado de uma residência que o aluno Everton Lucas, de 15 anos, fez em Campinas, interior de São Paulo, com a Companhia Lume. “É um trabalho de um dos garotos da escola pensando em dança pós-moderna, completamente diferente da formação que os meninos têm aqui. Para mim é o trabalho que tenho mais expectativa de ver”. Outra novidade é o espetáculo Mova-se, com coreografia do pernambucano Ivaldo Mendonça, para a escola. Já a companhia apresenta Dois pontos, outra criação de Mendonça.
Sob o comando da coreógrafa Luzia Amélia, o Balé de Teresina apresenta no Ceará o espetáculo Mercado Central. Pela primeira vez no Estado, o grupo que soma 15 anos de atividades sinaliza a expectativa da apresentação. “A Cia. Luzia Amélia está muito ansiosa para conhecer este evento, pela forma inusitada como é realizado, em pleno litoral cearense, algo inédito para nós que pertencemos a um Estado extremamente sertanejo, com uma estreita faixa litorânea”, comenta Jone Clay, produtor do grupo. Apresentando Mercado Central, trabalho montado em 2006, contemplado com o Prêmio Klauss Vianna de Dança, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), a obra revisita o Mercado Velho da Cidade de Teresina, extraindo suas cores, cheiros e sabores. “É um espetáculo de desenho coreográfico arrojado, feito para grandes plateias, ao tempo em que exige de todos os intérpretes uma postura investigativa de criação”, ressalta Clay. Mercado Central, que traz além dos bailarinos da Cia., alunos da Escola Balé de Teresina, já circulou por cidades como Salvador e Rio de Janeiro e excursionou por cinco cidades do sul da Alemanha. (Colaborou Isabel Costa)
EMAIS
A COMPANHIA
caboverdiana Raiz di Polon estava programada para se apresentar no evento, mas a falta de lugares no único voo semanal de Cabo Verde para Fortaleza impossibilitou a vinda. “Foi a única frustração do evento”, lamentou Graça Martins. O programa de ação formativa teve início em maio e se estende até setembro. Durante o Festival, as ações pedagógicas são incluídas com oficinas de dança do ventre, dança do salão, dança afro, dança de rua e danças tradicionais. O pesquisador e professor de dança carioca Leonel Brum palestra sobre “Políticas publicas para a dança” e o professor e diretor da Prodança José Clerton Martins ministra ''Cultura popular''.
SERVIÇO
Festival de Dança do Litoral Oeste. De hoje a sábado, 24, nas cidades de Paracuru (84 km), Trairi (124 km) e Itapipoca (130 km). Ações formativas a partir de 9 horas e espetáculos a partir das 18 horas. Entrada gratuita. Outras informações: 3276 2525 e 8678 9570.
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