28 março, 2011

Cia Balé Baião no Festival Nacional de Dança do Cariri-CE

A Cia Balé Baião de Dança Contemporânea participará de 06 a 08 de Abril do Festival Nacional de Dança do Cariri-CE, onde apresentará a intervenção e espetáculo performático "Lamentos e gozos da Imperatriz de Itapipoca".
FESTIVAL NACIONAL DE DANÇA DO CARIRI-CE
Programação/Cia Balé Baião de Itapipoca:
Dia 06 de Abril – QUARTA -FEIRA
14h Debate: A Dança Cearense.
Convidados: Angela Sousa – Silvia Moura - Cláudia Pires –
Fauller – Gerson Moreno – Elyzângela Alencar – 120 min
Local: Auditório CCBNB Cariri
17h – Intervenção urbana: Lamento e Gozos da Imperatriz de Itapipoca - Balé Baião (CE) 30min - Local: Praça Padre Cícero, saindo do CCBNB
Dia 07 de Abril – QUINTA-FEIRA
18h - Balé Baião (CE)
Espetáculo-perfomático: Lamento e Gozos da Imperatriz de Itapipoca - 20min - livre
Local: Teatro CCBNB Cariri
Espetáculo performático
LAMENTOS E GOZOS DA IMPERATRIZ DE ITAPIPOCA
Concepção coreográfica
O espetáculo performático “Lamentos e gozos da Imperatriz de Itapipoca” é parte de um projeto da Cia Balé Baião que agrega uma intervenção de rua (estreada na Bienal de Dança de Par em Par 2010), um vídeo-dança e um espetáculo cênico para palco.
Através das Ações Formativas do MINC/FUNARTE realizadas no Litoral Oeste em 2010 e do CIRCULADANÇA promovido pela Bienal de Dança do Ceará, recebemos em Itapipoca figuras ilustres da Dança Contemporânea que têm como foco a pesquisa performática, entre eles Marcelo Evelin (PI), Andrea Bardawil (CE) e Lia Rodrigues (RJ). Os três contribuíram com a montagem do projeto, especificamente com a intervenção de rua e com o espetáculo para arena, desde a concepção até a direção de cena.
A dramaturgia do trabalho nasce da despretensão em fazer, do desfazer-se de excessos, do exercício do desapego à própria dança enquanto produção de “movimento explícito” e do uso de “temas inspiradores” para a composição coreográfica. Talvez por isso a “Imperatriz” (antigo nome de Itapipoca quando ainda era vila no Período Imperial) lamenta não poder usufruir de suas riquezas se vendo obrigada a gozar com o despojamento de uma dança sem júbilo e esplendor. A Imperatriz desce do palácio e se junta à plebe, utopia que poetiza os sentidos do desapego em tempos de acumulação e sensacionalismos.
Muito mais que a construção de movimentos corporais, o trabalho desafia os interpretes da Cia a estarem presentes em constante acolhimento e cooperação, edificando “Imagens Efêmeras” e “Estados de Presença” através do contato direto e indireto com um pedaço de tábua retangular. Os contatos estabelecidos criam “Tensões Cênicas” acarretadas de silêncio e vazio que transbordam em “Extensões Espaciais” responsáveis por arquitetar ambiências poéticas, lugares de encontro e permanência, portais de infinitos tamanhos e formatos que se abrem no invisível e no indizível.
O nome “Lamentos e gozos da Imperatriz de Itapipoca” nasce inspirado no filme de dança produzido por Pina Bausch “Lamentos da Imperatriz”, onde imagens de pessoas e lugares, desencontradas e sem nexo se configuram em um anti-roteiro. O filme nos instiga a pensar/materializar estéticas e presenças corpóreas a partir da “ausência de lógica”. Por ironia histórica, Itapipoca já se chamou no período colonial de Vila da imperatriz em homenagem a Dona Leopoldina de D. Pedro I. Os “lamentos” não poderiam aos nossos olhos dominar o sentido da frase com conotações sofridas, nisso veio o “gozos”, expressão que nos fala de instantâneas felicidades, de súbitos momentos de alegria, de prazer e estado de graça. Essa Imperatriz que habita em cada um de nós lamenta e goza, se vê coroada e decapitada, em glória e decadência, isolada em seu “castelo particular” e dançando entre plebeus. Ela é dúbia, contraditória e inconstante como é a condição humana. Ela tudo tem e nada tem: pura ilusão e delírio.
Release
...
Pedaço de madeira retangular: corpo-extra.
Incessante exercício de acolhimento,
Contato e colaboração: corpos a priori.
Desfazer-se,
Despojar-se de desnecessárias intenções,
Ser antes de acumular,
Desprender-se antes de se apoderar.
Abraçar um pedaço de madeira que nada diz e que tudo escuta,
Repassá-la para outros braços,
Arquitetar efêmeras ambiências e propiciar encontros,
Dizer e nada declarar pelo indizível dos atos,
Configurar-se pelo invisível,
“Madeirar-se”: Tábua “pós-árvore”, corpo “pós-movimento”,
O que resta?
Ficha técnica
Direção de cena:
Lia Rodrigues e Gerson Moreno
Dramaturgia:
Andrea Bardawil
Proposições:
Marcelo Evelin e Cia Balé Baião
Criadores-intérpretes:
Cacheado Braga
Edileusa Inácio
Edilene Soriano
Glaciel Farias
Gerson Moreno
Roniele de Souza
Vaneila Ramos
Viana Júnior
Sonoplastia e apoio técnico:
Gidalto Paixão